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sábado, 1 de agosto de 2009

Exagero

Exagero, aquilo que é demais, passa da conta. Exagero é vontade não dita, é silêncio que grita, é extrapolar o limite. É dizer que se gosta, e que se desgosta, e no segundo seguinte dizer que gosta de novo. Como no Arpoador não ver o mar... exagero é cantar sorrindo o que chora, ou chorando o que ri... o que ri, oras, ri, e ponto.

É ver o céu se abrir no estio e não se animar... Exagero é pergunta sem resposta, é resposta sem pergunta. É equação sem teorema. Escorregar na grama sem papelão. Exagera-se contando-se causos, exagera-se ao não contá-los. Exagero é soma do prefixo hexa com o sufixo gero, como em passageiro – o i é pura intriga da oposição. É como ver televisão, e não dormir.. exagero é deixar falar a alma, coisa para a qual ela não foi feita. Exagero é dizer o indizível, ou, por falta de fonemas, se esconder do que não se vê. Exagero é quando dá-se nove ou doze numa roda de truco, ou quando a carne é muita para o homem.

Te ver e não te querer, é improvável é impossível... exagero é, sem medo de definir precipitadamente, impossibilitar o improvável, afinal improvável está ainda na casa do contingentemente esperado. Exagerar é exasperar o que é calmo, e acalmar o quebrar da onda. É como não sentir calor em Cuiabá... exagero é correr do homem do saco numa esteira qualquer. É tomar água de coco e não pensar em usar o coco como bola de futebol. Exagerar é soltar pipa, sempre: homem não voa.

Exagero, o termo. Exageros bons, exageros ruins, exageros apenas. Exageros de retórica? Não me acusem, um retórico é coerente, eu não o sou. Exagero em te dizer como me sinto. Exagero em não saber contar. Medindo o exagero do silêncio: exagerado; mas o que, afinal, não o é? Exagero eu, rindo à toa, bobo bobo. Exagerar é rir à toa, concluo. Ah, sorriso... felicidade.

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