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terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Para os queridos formandos de 2024! - especialmente à turma 94!

Senhora Diretora, professora Carla Bandeira, ao cumprimentá-la cumprimento também toda a equipe diretiva aqui presente. 

Senhora Secretária, professora Vilma, que conduz tão brilhantemente nossa cerimônia,

Senhoras professoras e senhores professores aqui presentes, 

Todos os funcionários de nossa escola,

Senhoras e senhores responsáveis, famílias de nossos formandos, 

E, finalmente, queridos formandos! 


Boa noite!


Pedindo licença aos meus queridos alunos da turma 94, que me concederam a honra de ser seu paraninfo, dedico minhas primeiras palavras a todos vocês. Pois a maioria de vocês eu conheço há muito tempo! De uma maneira ou de outra, observei seus rostinhos quando ainda eram rechonchudos, passearem por estes pátios em muitos momentos. Trombei com vocês inúmeras vezes no refeitório, nos corredores… devo ter chamado a atenção de alguns algumas vezes… Ou, o que é muito provável, mais que algumas vezes! Ser professor é também cuidar, e para isso a gente aceita ser o chato da história. Mas, além das peripécias que aprontaram, eu tive o privilégio de poder observar vocês crescendo aqui dentro. 

O tempo, que para uma criança passa doce e lentamente em inúmeras brincadeiras e vivências dentro duma escola, e que, para um adolescente, tende a passar de forma arrastada quando outros interesses surgem na cabeça e no coração, para nós, adultos, passa rápido demais. Num dia, eram pitoquinhos, como seus manos e manas que estão observando na platéia. Noutro, são esses quase adultos, sentados aqui, na nossa frente, orgulhosos do que conseguiram e loucos para dar o próximo passo. 

Gostaria de dizer a todos vocês que, por mais difícil e assustador que seja o mundo, vocês não estão sozinhos. Primeiro, porque tem ao seu lado essas famílias aqui presentes, que dão o seu melhor para que vocês possam ter a melhor vida possível. Não se esqueçam, em nenhum momento, de quem sempre esteve lá por vocês. Quem sempre continuará lá por vocês. Mas, além do acolhimento e cuidado que vocês tem em suas famílias, vocês saem daqui  acompanhados por muita gente.

A escola, se fez certo seu papel, deu a vocês o maior tesouro que a humanidade já produziu: seu conhecimento. Se vocês sabem mais agora do que sabiam há 9 anos… Se vocês compreendem melhor o mundo em que vivem, e, portanto, compreendem melhor quem vocês são…  Vocês o fazem porque carregam consigo a história que nos trouxe até aqui, nossos valores, nossos erros, nossos aprendizados. E, quando eu falo nossos, falo porque somos todos humanos. E porque, antes da gente, muitas pessoas vieram e construíram este mundo. As escolhas que vocês farão, cabem somente a vocês decidir. Mas, saibam, que cada escolha fará parte dessa construção de ser humano que em todos nós é incompleta, e que nunca cessa. 

Quando vocês escolherem a pessoa que querem ser, então estarão escolhendo que humanidade teremos daqui há 10, 20, 30 anos. Neste momento, a escola ainda estará  lá, repassando para as próximas crianças os frutos de suas escolhas, contando a elas o que vocês gostariam que elas se tornassem. Portanto, meus queridos e queridas, desejo a vocês as melhores escolhas possíveis! E torcerei, muito, para que cada um ache seu caminho. 

Agora, para a 94, em especial, me permitam algumas palavras:

Alunos e alunas da turma 94: obrigado por me permitirem passar por suas vidas! Vocês podem dizer “bah, o professor Marco tá louco, a gente não deixou nada, fomos é obrigados”! - o que seria, de alguma forma, verdade. Quem, em sã consciência, viria livremente para uma aula de filosofia? “Por quê pra cá, por quê pra lá…. e aí, a gente responde o porquê, e ele vem com outro porquê! E, pior, pede pra gente falar em voz alta! Parece que não entende que dá vergonha! Fica dizendo que o que a gente pensa é importante, que tem que compartilhar, que temos que ouvir quem pensa diferente. Será que ele nunca foi aluno? E o que que tem a ver a tal da filosofia com ter que dar uma aula?”

Pois é!... se me respondessem dessa forma, eu teria que dizer que é justo! São ótimas perguntas, eu diria! Mas aí teria que colocar no quadro e pedir pra vocês mesmos responderem! Acho que eu apanharia neste momento!   🙂  Mas, falando sério, foram 3 anos muito intensos. Primeiro, com a turma 76! A única turma, em muito tempo, que me fez sair de sala pra chamar a diretora! “Carla, vai lá que eu não to conseguindo não…”  🙂

Depois, se tornaram a 84, menos arteiros, mais comportados… mas um tantinho mais preguiçosos… convencer vocês a fazer alguma coisa, olha… não foi fácil! Aí, finalmente, chegaram ao nono ano e saíram do casulo! Tornaram-se uma turma, além de muito unida, muito interessante.  Surpreenderam-me muitas vezes durante este ano, participando, respondendo, se expondo para os colegas. 

Vocês amadureceram. 

No entanto, não foram só vocês. Eu também precisei amadurecer para ser seu professor. Percebi, nesses três anos, que precisava fazer melhor do que estava fazendo pra dar conta de vocês. As artes, a preguiça, o não fazer… tudo isso me desafiou, me desacomodou, fez com que eu tivesse que ir além do que ia até então. 

Uma aula nunca pode ser pra uma minoria. Tampouco deve se contentar com a maioria dos alunos a entendendo. Uma aula deve ser para todos. Somente aceitando essa posição é que a gente se torna um professor melhor. Vocês me permitiram crescer desse jeito, como professor. Por isso, mais uma vez, obrigado!

Espero que tenha ficado, para vocês, algum gosto por se perguntar sobre o mundo, buscar respostas e compartilhar pontos de vista, aprendendo a respeitar a diferença que tanto enriquece nossa convivência. Que se lembrem que sempre existe um “porquê” a mais para se fazer. 

Por fim, me voltando a todos vocês, termino desejando muita sorte na futura caminhada. Podem contar conosco. O Dolores sempre estará aberto a todos vocês. 


Obrigado!

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