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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Santa?!

(os pés do menino são os mesmos pés da criançada que corre na praça em frente de casa toda tarde... as mãos, as mesmas mãos)

As fotos que costumava ver em livros de geografia no ensino médio e que, de certa forma, haviam se esvanecido de minha memória, me vieram com estas fotos publicadas pelo estado...

http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/guerra-e-paz/

Sempre a intolerância, sempre uma causa maior, sempre marcas de terror onde não deveria haver respingos... eu quero que vão à merda todas as verdades universais de todas as religiões e dogmas possíveis. Eu quero que pessoas como as que fomentam estes tipos de situação percam seus filhos da mesma maneira. Eu quero que aqueles que colocam outra vida abaixo de seus interesses justificando-se pela fé tenham um longo caminho na morte para o nada.

Quando não há respeito por outro ser humano, qualquer batalha já está perdida. Mas e quando este outro ser humano é um imbecil que coloca uma palavra santa na boca e sai queimando bruxas ou explodindo bombas? Um dia desses, achei que a filosofia era a solução... e, de qualquer forma, melhor do que fomentar este ódio em mim...

Mas às vezes não dá. Simplesmente, não dá.

Chega de pregações enrustidas em palavras de sapiência. Chega de elencar uma vida espiritual supostamente melhor. Chega de haver quem se arrogue detentor de uma verdade sagrada. Chega de educações cristãs, budistas, mulçumanas ou atéias numa sociedade que abarca seres humanos, sem distinção. Chega de Estados que deveriam ser laicos sucumbindo às "boas vontades" deste ou daquele grupo "bem intencionado".

Chega de usar o termo religião para guerras com fins econômicos, ou para resolver conflitos com vizinhos. Religare: uma ligação com Deus, deveria significar. É uma das palavras mais bonitas que já ouvi.

E agora, olhem para a foto acima e me digam onde está o retorno a Deus? Explodir um prédio com centenas de vidas levadas com sua queda, número que se multiplica com a dor de quem fica; fazer troça com um pai ou uma mãe que perderão o seu filho simplesmente pq a puta que pariu de Alá justifica, ou pq o todo santíssimo papa um dia achou que algumas terras italianas tinham mais valor do que outras; apedrejar prostitutas nas ruas em nome da moral que defendemos arduarmente depois de sair de um confessionário; equiparar o dinheiro gasto num boteco com o do dízimo "arrendado" nos cantos sublimes de igrejas de vila... é aí que está Deus? Esse é o grandioso e maravilhoso caminho que os fdp arrogantes de merda que professam uma fé tem para mostrar ao mundo? Vamos retornar a um Deus através da submissão de outros seres humanos, passando por cima daquilo que é contrário aos dogmas que aprendemos?

É por isso que escolhi o curso que escolhi, no fim das contas. Não tinha a menor piedade de destroçar crenças de pessoas que se arrogavam melhores. Hoje mudei, não acho necessariamente que seja o melhor caminho. Até porque minha fé no próprio ser humano não passa disso, uma fé. Colocar a vida de outra pessoa em xeque, como já fiz, é algo com o qual tomo vinte e cinco vezes mais cuidado, simplesmente por eu poder estar errado. Sem contar que quando olho para imagens como a acima, percebo o quão inócuas podem ser estas palavras.

Mas há limites. E mexer com vidas é extrapolá-los. Não há o que relativizar aqui.

3 comentários:

silvana! disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
silvana! disse...

Primeiramente peço licença para fazer um comentário...Autorizado???? Ok!

Continuo achando que todo e qualquer extremismo é nocivo. Devemos antes de mais nada ser pela paz...(Isso também não pode ser relativizado!)
A escuridão não pode extingüir a escuridão. Só a luz pode."
(Dr. Martin Luther King Jr)
Um grande abraço,
Silvana!

Marco Fabretti disse...

Compreendo... e concordo, mesmo sabendo que é um caminho árduo. Quando se sai do campo do pensamento e se passa à ação, deixamos as grandezas eloquentes da linguagem que tantas vezes nos engana e passamos ao ponto que é importante: o agir no mundo, o fazer, o nosso toque pessoal na coisa... é quando percebemos que no papel tudo é mais fácil mudar.

Não há outro meio para mudar contextos como este senão através da compreensão do próximo, mesmo que este seja distante ideolicamente, por ex. Isso se faz silenciosamente, num trabalho de formiga: árduo, pequeno e contínuo. Mas alguém precisa fazer.

Enfim, sei que o extremismo não é a solução. Mas as vezes bate uma revolta. Revolta que não se aplica somente à maneira de se tomar a religião hj, mas a minha própria existência num contexto sobre o qual tenho alguma responsabilidade. E deste sentimento nascem textos como este.

Para não me alongar demais, no fim das contas, concordo contigo. Mas acrescento: "paz sem voz, não é paz, é medo"...

Te cuide