Conversando com um amigo, aludi às necessidades materiais e seu poder sobre mim, relegando a filosofia à velhice, me tornando mediano, rebanho. A pura tomada de consciência e aceitação do fato já valeriam a conversa. Mas o que se seguiu foi ainda mais esclarecedor. Me vi defendendo meu eu na filosofia com alguma paixão, dessas que me fazem brilhar os olhos e engrandecer a voz. Sim, resquícios de meu início, a perturbadora vida que me leva a pensá-la. Sim, a vividez que nunca sumiu da minha alma, ainda que a submetesse a toda sorte de necessidade material. Me escondo de meu estar no mundo. Me escondo na superficialidade cotidiana e num bom cd de blues. Mas saber que se esconde é já um querer mostrar-se.
Como são boas as boas conversas. Ainda que seus frutos se colham depois.
“O que sinto por você é pequeno demais para transcender o que sou. A dor passa, eu permaneço. E permaneço nem sempre escondido da dor. No fim das contas, faço de mim o que quero, mesmo que medre aceitar. Mas permaneço, e a aceitação força a existência sem que eu possa simplesmente negá-la”
22/01/10, 00:06, num ônibus de volta pra casa
*Poderia trabalhar bem mais sobre o assunto, mas preferi manter a espontaneidade do texto e suas passagens curtas, necessidade quando se está em movimento. Mas essencialmente, está tudo aí.
2 comentários:
Cara, este teu amigo é fodão!!! Eu sei!
Eu sempre (ou quase sempre) admirei esta tua paixão... às vezes me faltou. É bom conversar sobre.
E outra blues não é se enquadra na "superficialidade" contidiana. Cotidiana sim, superficialidade, jamais!!!
E além do mais, confesso que não entendi o fim do texto...
Abraço!
Bicho, nem cito mais o nome que logo logo dá direito autoral, hhauihaiuahiuah...
ah, o fato de me esconder no blues só é possível por ele ser deveras bom! ouvir bb king (inclusive achei a música do meu casório nesta viagem) é algo que me tira dos problemas do mundo... acha pouco a moral que to dando pro homi?
o fim vem da vertente poética que as vezes me toma, apesar de reconhecer o pouco ou nada de poesia presente ali.
E, por fim, prezo tua admiração. Lembro-me dela qdo cobro-me a n me deixar tomar pelo medianismo possível.
abraço!
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