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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Ideias!



Ideias nascem em pessoas, que por certo tiveram de outrem seu germe. Comunidades criativas incutem em seus indivíduos ideias e modos de conceber tais ideias de forma inovadora. Ora, todas as comunidades o fazem, não? Sim, mas as criativas cultivam o não medo das ideias, a busca por elas. Fora acomodação, bienvenu à crítica, à destruição, à constante criação. Salvem o direito da fala e da crítica, e teremos então um celeiro de ideias oriundas das mais diversas cabeças e formações. Um enorme circuito de trocas, organismo vivo.


Pois bem, ideias nascem em pessoas. E serão mais e melhores se ...
estas pessoas cultivam o hábito de cultivá-las. Ideias, bem cultivadas, passam ao fazer cotidiano, ao dia a dia daqueles que cultivam. Transformam o mundo, mesmo que uma parte bem pequena desse mundo. Mas mais do que a quantidade, a qualidade: o homem pensa, e pensando age, e da ação retorna ao pensamento. Processo eterno, até que se morra o homem (não necessariamente na parte biológica da coisa). Pessoas, no fim, nascem de ideias.


E nesta construção, ideias melhores ou piores vão se difundindo, se filtrando no meio ao formigueiro de homo sapiens (alguém aí me dá o plural de palavras compostas em latim?). Passam a serem ideias de duas pessoas, e sua ação acaba se dando em conjunto. Um casório é bom exemplo. E o processo de construção fica mais complexo, a regurgitação de ideias se dá não por um, mas por dois. E assim por três, e por quatro. Logo, nasce daí uma instituição, que pode ser formal ou não, eficaz ou não, mas em todo caso natural. Uma ONG, um partido político, um grupo de amigos, futebol de quarta. Qualidades de ideias diversas, sempre o mesmo movimento.


Bom, há ideias e ideias, algumas acabam influenciando a humanidade. Estas começam da mesma maneira das outras, menos pretensiosas. Surgem da noção que cada cabeça pensante tem do seu tempo e sua inserção neste tempo, velho problema da existência que assombra a mim, a Aristóteles ou ao seu João da mercearia. Para tais ideias, há todo um itinerário, que não vem em manual de instruções. Quanto mais pessoas puderem expressá-las, mais rapidamente elas tomarão corpo, e logo farão parte do mundo construído. É assim num grupo, e depois numa cidade. E em outra cidade ocorre o mesmo, e em outra, em outra, em outra. E um dia tudo se liga, pela insistência daqueles que fazem no dia a dia tais ideias nascerem e tomarem corpo: corpo preto, branco, amarelo. Corpo humano, no mundo que fazemos.


Quanto melhor o celeiro, mais fácil fica para saber se tais ideias são redenção, um caminho, sonho triste ou luz de esperança. Porque nunca param no processo meio bovino de regurgitar. Nossa dádiva sempre foi poder pensar, por mais que o contexto seja desfavorável. Em meio a guerras, inquisições, pestes, pragas, tiranias (inclusive as que se escondem hoje), sempre podemos pensar sobre, e transformar em ação nosso fazer. Que uma criança possa pensar sobre a finalidade da justiça com sua casa sendo invadida numa guerra da qual não tem controle e isso não implicar em felicidade, é a vida, nem sempre justa. Nem sempre pudemos ter um mundo bom para todos. Mas a própria consciência sobre isso pode fazer com que tentemos. Uma ideia, no fim de tudo, transforma o mundo. Idealizemos, portanto, um mundo melhor para os nossos.

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