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domingo, 27 de junho de 2010

Julina

Pressa, o ônibus cheio. Convite da morena para segurar a bolsa - seria fetiche por espadas de bambu? Um não como resposta. Pressa. O ônibus que não vai. A Bento, sem saber onde ficaria a Puc. Preguiça de perguntar pra moça em frente. Pressa, primeiro treino não se atrasa. A Bento, e num relance o mote: um carrinho de cachorrão numa rua perpendicular, desses de vila, vazio, bem iluminado na rua escura. Reinava o silêncio ali, mesmo a metros da avenida. O senhor de boina, casaco e bigode grisalho (estava longe, estava escuro, estava em movimento, mas juro que vi um bigode) sentado em frente ao carrinho, apoiado na parede. Braços dobrados, nuca reclinada, começo de cochilo.
E nas extremidades superiores do carrinho, duas linhas com bandeirinhas de festa junina, já julinando. Davam na janela da parte lateral de um comércio. Enfeites feitos a mão, remontando sentimentos anteriores aos cachorro-quentes do centro, lotados, feito por moleques. E o carrinho estava vazio, viv'alma não existia ali, rua fantasma, domingando em plena quinta a noite. O senhor que cochilava teria o trabalho de amarrar e desamarrar todos os dias as bandeirinhas. Para crianças que já não frequentavam o lugar, para jovens que achariam-nas antiquadas e ririam, para adultos que, assim como eu, tinha algo mais importante a fazer do que sentar ali e deixar um pouco do meu tempo ou dinheiro. Mas o senhor de boina e pretenso bigode parecia não ligar. As luzes acesas, as bandeirinhas tremulando, a calma espera. Porque o mundo é mundo escolhido. E ter esperança sempre foi a chave. 

(no mais, é julho, e se não me espertar passo mais um ano sem arraial...)

4 comentários:

Lih disse...

afinal...treinou ou n treinou?

Marco Fabretti disse...

trenei uai!

Tomazini disse...

continue... dará um bom romance julino

Marco Fabretti disse...

este fica na crônica tomate :p

pra romance teria que inventar, muito trabalho, rs