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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Lambari

Ele era alto. Alazão, soube. Selado, não tive dúvidas. Montei, coisas da primeira vez. Corpo ereto, o galope duro, voltas no pátio. Como se mexe o danado, o corpo vai de um lado pro outro. E meu pé não entrou no estribo, fui desafortunadamente de cuturno. Fui com os pés soltos então. 


Balança pra cá, balança pra lá, o Cinzano dava uma galopada mais forte e lá ia o Lambari, atrás, pedindo pra correr. "Se me selaram, que me deixem correr ao menos". Mas o cavaleiro não correria, o trote duro e a dor nas ancas me fizeram quase que descer, sem contar que a sensação do tombo estava ali, eminente. A estrada era plana, o corpo foi se acostumando com a coisa, aquela enorme massa viva sob as pernas.

Foi na volta da estrada que aconteceu o tombo. Um trote que passou a corrida, uma rédea longa e um corpo que se desequilibrou sem o estribo para apoiar. "Pula". Pulei, cai rolando, estrada arenosa foi ter sorte. Nos filmes garanto que é mais bonito, não pela estética da cena, mas pela ausência de dor. Cara, aquele tombo doeu. Levantei, o Lambari vinte ou trinta metros à frente. Seria o sinal de que a cavalgada teria acabado?

Nem nem. Montei de novo, rédea curta agora, bem de boa. Fomos até o pasto e em seu fim o riacho. Lugar onde só se ouvia a água em meio a sombra da mata. Ali sim o silêncio é algo palpável, houvesse um chão de madeira por ali e chamaria tranquilamente de dojo. Na volta, o tio foi no Lambari e eu montei o Cinzano. E ae o prazer em montar à cavalo veio mais forte, os pés dessa vez entraram no estribo e a marcha era suave, mesmo galopando. Já não tinha medo de uma nova queda, poderia ficar ali por mais um bom tempo, sim senhor. Mas já era tempo de parar. Cinzano deixou isso claro quando levei-o novamente pra estrada. 

Bom, posso dizer que a coisa toda foi boa, pelos cavalos e pela companhia. Céu azul, grama verde, cheiro de pasto. O tombo dói ainda, mas nada que me impeça de ir ao treino à noite. Quem sabe um dia possa montar com mais frequência? Depende só do meu trabalho, como tantas outras coisas. 

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