A música estava alta, mas ali perto das caixas era mais quentinho. Fez calor a semana toda, só na noite da balada do Kaio que esfriou. Mas simbora, que o frio passa quando o espírito é bom. Olhei para a guria, estudara comigo no fundamental:
- Uma música?
- Vamos – dizendo sem dizer.
E sertanejo, mermão, não tem muito segredo: é dois pra cá, dois pra lá, solta a cintura e conduz a dama, coisa feia é ser conduzido.
- Formada em psicologia neh?
- É...
Dança pra lá, dança pra cá:
- Tá, fiquei curiosa, como ce sabe?
- Você me aplicou o teste no detran...
- Ah! Faz uns dois anos já neh?
- Isso – mano, dois anos de carteira, acho que dá mais.
E o som rolando, três duplas tocando e dance nos intervalos.
- Estudou no gastão também?
Ela esboçou um sorriso.
- E se não me engano, no Vital Brasil... – quinta a oitava série.
- Como se sabe – o sorriso surpreendido.
- Estudei lá também, e vc estava nas turmas mais velhas, se não me engano – falava e dançava, o som alto fazia da primeira uma tarefa algo problemático.
- Ce tem quantos anos?
- 24. Você 25?
- 26.
E o Tomate e o Doni no entorno, esse me dando orgulho, chegou em duas gurias. Um dia o garoto deslancha.
- Então, estudou no Osvaldo também? – foi fundo, para o primário.
- Ce sabe minha vida toda – sorria.
Tá, não ia falar que a do Osvaldo foi chute, que só lembrava dela do Vital. Também não falei que sempre a achei bonita, a menina mais velha por quem ora ou outra os moleques de doze se apaixonam ingenuamente. Tampouco disse que, depois de tanto tempo, ter minha prova aplicada por ela me trouxe lembranças boas e bobas, de como um dia vestia shorts de malha e camisa de algodão branca e onde a única preocupação era estudar, jogar basquete e curtir os amigos – nada que influenciasse no resultado da dita prova, confesso.
Enfim, foi essa guria, ela com 26 e eu com 24, que tirei pra dançar... E realmente, nada de segundas intenções aqui. A graça da situação – e graça no sentido literal da palavra – foi algo acontecer depois de muito tempo. Digamos que com doze anos gostaria de ter dançado com ela, fazê-la me notar. Mas nem dançar eu sabia (aliás, hoje sei pouca coisa), e convidá-la para qualquer coisa naquela época, ela menina mais velha e eu garoto tímido, nem a pau.
No mais, festa pra lá de boa pra quem quer dançar. Fiz a festa, como diria o Pedro. E cervejada, é aquilo, bebe, dança, dança, bebe. Sete da matina eu e o Tomaz na feira do Willie Davids comendo pastel, o Doni cozeu e foi pra cama direto. Bah, diriam os gaúchos. Noite boa.
Valeu galera! Despedida a caráter! :p
2 comentários:
É nóis!!! to orgulhoso d vc (dançô com a menina mais velha) kkkkkkkk
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