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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Projeto de estímulo à leitura - começos

Bom, não adianta falar que a moçadinha não sabe ler direito e ficar por aí... eu, o professor Anderson e o professor Walter estamos pensando num projeto de incentivo à leitura para todo ano que vem. Acho válido como tentativa, então posto aqui o que se tem para possíveis opiniões:

Ideia geral 

Desenvolver um projeto de incentivo à leitura nas turmas de C20 visando aumentar o hábito de ler dos alunos destas turmas.

Implantação

 Todo ano letivo de 2011.

Metodologia 

Propõe-se a leitura de um livro por aluno num determinado período
de tempo de acordo com a participação dos professores. Seria feita a divisão do ano letivo pelo número de professores envolvidos e a partir daí encarregar-se-ia cada professor com a responsabilidade de um período dentro deste total. Neste período em específico, o professor incluiria em sua avaliação como complemento dos conceitos a serem alcançados pelos alunos uma leitura obrigatória de obra literária. Para que seja possível uma avaliação independentemente da área específica de cada professor, formular-se-ia um roteiro em conjunto com os professores de português que guiasse o professor agente. Isto é, elementos que devem ser encontrados por quaisquer alunos em quaisquer textos literários. A abrangência de tal modo de avaliação faria com que se perdesse em rigor, mas dado que o projeto visa o incentivo à leitura mais do que uma “leitura correta” (talvez num segundo momento, com alunos acostumados a ler) ou ideal, seria uma perda aceitável. No mais, tal avaliação seria controlada e passada para cada professor subsequente de modo a evitar fraudes e acompanhar o desempenho dos alunos.

Finalidades 

Aumentar a carga de leitura dos discentes e com isso suas capacidades interpretativa e argumentativa; complementar a bagagem cultural destes discentes através da vivência da literatura; desenvolver o hábito e o gosto pela literatura.

Justificativa 

Qualquer trabalho que necessite duma linguagem usada complexamente pressupõe certo desenvolvimento das faculdades cognitivas do aluno de modo a possibilitar tal uso. Somem-se a isto os diferentes ritmos de desenvolvimento e os diferentes contextos sociais dos jovens atendidos pela escola e chegaremos que contribuir com este desenvolvimento é, mais do que um ato bem intencionado, um dever que se impõe para que o aluno egresse da vida escolar com uma formação plena, realizando possibilidades que de outra forma não o faria. Usar bem a língua pressupõe um contato íntimo com ela, um conhecimento que advém de seu exercício. Que como professores devamos auxiliar neste exercício não me resta dúvida, pois sem determinados graus de desenvolvimento quaisquer conteúdos tem sua aprendizagem comprometida e tal formação plena se torna inalcançável.  Por exemplo, é claro para mim ver este comprometimento ao tentar induzir um aluno à apreensão de certo conceito de liberdade; mas tampouco é menos evidente que, mesmo para um exercício lógico, há que se saber compreender o enunciado. Por maior valor que haja no conhecimento passado oralmente, nossa sociedade não admite uma integração plena de alguém incapaz de adquirir conhecimento escrito, cujas possibilidades são infinitamente maiores com relação ao primeiro. Permito-me caminhar sobre este terreno por constatar não uma falta de vontade intrínseca ou falta de foco de meus alunos, mas sim uma falha de formação que os impede de acessar significados mesmo em períodos simples, e então toda falta de vontade e de se focar na leitura surgem como consequência duma incapacidade. Semântica, sintática, lógica interna de um texto: todas são meros agrupadores de conceitos que, se úteis para esclarecer a estrutura da linguagem formal a alguém que faz bom uso dela, não servem de nada quando levam os alunos a uma realidade que não é a deles. Tornar o mundo compreensível em palavras escritas; fazer deste mundo uma parte da realidade dos alunos – não a do livro de decoração ou do peso na mochila, mas da realidade que lhes toque em seu modo de ser: eis a ideia central deste projeto. É claramente um objetivo muito grande para um projeto muito pequeno. O que em nada impede, felizmente, sua aplicação.

Pontos a se discutir 

- quais professores participariam?- há disponibilidade de livros em nossa biblioteca?- como será a avaliação?- é possível atender a outras turmas?

4 comentários:

Liliam disse...

Não entendi exatamente com quem será realizado o projeto pois fiquei com preguiça de ler todo o seu texto, porém, (sendo bem intrometida) sugiro para vocês que estão montando o projeto, o livro da Ana Maria Machado, Porque ler os clássicos desde cedo. Acho q pode ajudar na escolha dos livros.
Bem, além disso, quero pedir-lhe um favor: enviei um email para vc com uma pequena parte do texto q penso enviar para UEL como pre-projeto de mestrado. Gostaria q vc desse uma olhada e falasse o q achou; se está muito ruim ou só um pouquinho (tipo tudo) hrhshr. Se vc puder e quiser dar uma olhada, eu ficaria imensamente grata. bj

Marco Fabretti disse...

obrigado pela sugestão minha cara... hoje já tivemos uma reunião sobre o projeto e algumas coisas mudaram, mas entre os tópicos estava justamente um sobre os livros a se trabalhar.

E com relação à tua ideia, vi no email já. Me deixe pensar, pois são possibilidades novas para mim. Independentemente disso, gostaria de saber sobre teu embasamento teórico acerca do tema.

:)

bjos

Lih disse...

Hum...acredito q tenho alguns textos sobre letramento literário que ajudarão na elaboração do projeto. Em relação à leitura correta, sinto informar que ela não existe, nem para alunos acostumados a ler como mencionou. Se é para incentivar a leitura, uma boa idéia seria partir do que os alunos gostam Ex: Mangá é leitura e possui todos os elementos de uma narrativa considerada canônica (personagem, ação, enredo...). Bom..aí fica a idéia..obrigar os alunos a lerem o canône não é necessariamente incentivar a leitura.. permita-lhes lerem crepusculo, harry potter, gibis. Bom, são só idéias. bjs

Marco Fabretti disse...

literatura lígia, pode até ser harry potter. mas gibi eu não diria que eles já não tem acesso. acho que tem que haver um certo rigor no que é boa leitura e no que é má leitura. justamente por haver muita relativização se propicia o extremo em que se chegou: não saber ler um texto na sétima e oitava série.

Acho que a questão não é ser a favor de cânones ou não. É trabalhar com aquilo que mude alguma coisa. E por que não literatura, seja ela infanto juvenil ou não? Não sou contra alternativas, desde que não se tornem desculpas para termos mais do mesmo... alunos que em sua maioria são analfabetos funcionais.

Bom, além do mais, ce é minha irmã... sabe tão bem quanto eu que literatura boa não tem idade.

Quero o material sim, tem como mandar?

bjos