A Karen está aqui. São já duas semanas de presença constante, algumas discussões e muitos sorrisos, como me parece que deve ser. O quarto sempre ocupado, a briga por dinamitar meus cravos, os bicos que vem de um lado ou de outro são compensados por jantares e almoços sempre magistrais, um abraço que vem de manhã do nada e, o mais importante, um riso que preenche a casa. Olhares íntimos demais para descrever, então somente imaginem.
Poderia dizer que a terça quando saímos com o Magnon e a Denisinha foi ótima, apesar de perdermos na sinuca e pagarmos a mesa. Ou diria que o jantar de despedida do Chris na quarta foi muito bom, com peixes e cenouras e berinjelas. Talvez o bar da cidade baixa com boa música, bom tamanho, pouca luz e uma carta de vinhos numa quinta. A chuva que atrapalhou os planos no sábado mas que nos levou, lá adiante na boca da noite, a um concerto do Borguetinho em pleno São Pedro de graça e bem alocados. E ainda o Guaíba, com sua plataforma bar flutuante com cervejas ruins mas vista bonita, ou sua extensão apreciada de um café do Mario Quintana, onde o salsichão é tudo menos ão e me levou a acabar a noite no cachorrão do Hélio – pensa num cara que iria ganhar dinheiro em Maringá.
É claro que se descrevesse todos esses momentos teria que descrever também o domingo. O domingo do quase: quase deu Sol, quase teve passeio no ônibus turístico, quase comemos juntos com o Victor e a namorada, quase chegamos a tempo no zoológico de Sapucaia, quase fomos à barca que percorre o Guaíba, quase vimos o brick da Redenção, quase pudemos nos esbaldar no Jardim Botânico de tanto dormir, quase assistimos a um filme no AP da Denisinha e quase fomos ao cinema. De concreto duas coisas: a cerva gelada de consolação no Cavanhas e o bico da Karen pelo programa furado.
Mas de um sábado bom para um domingo ruim, o importante é que passamos juntos. Assim como o resto destas duas semanas de pinturas de salas de aulas, reuniões e trabalho para mim, cidade nova, cursinho e vestiba para ela. Porto Alegre e seu calor formam a ante-sala do inferno, confesso. No entanto, há mais entre o céu e a terra do que este estado de “estar-sendo-assado-cozido-gratinado-ao-ar-livre-das-cinco-às-vinte-e-três”. É, isso de fato ta virando namoro. Eu e a Karen.
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