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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Saudade

Se a saudade fosse mensurável, não seria enorme. Enorme é coisa de gigantes, estou me apequenando às realidades rotineiras de uma vida cotidiana. A saudade é riacho que corre bem ali, ao lado, escondido no mato, que você escuta mas não vê. Não precisa ser riacho grande não. 

A saudade é folha de outono que cai sobre a face num dia deitado sob a sombra escutando farfalhares, num momento não está e noutro já sempre estivera. E folhas são apequenadas, veja bem. Mas tocam com textura única o ar que as embala na queda. 

Saudade, seu moço, é estar presente onde já não há presença, é presenciar momentos em relances do olho, é olhar a estrada incógnita e notar a vermelhidão da terra que é vermelha porque outra terra o é. Saudade é um estar não estando, sempre melhor que um não estar compartilhado. 

Saudade é olho da moça, carinho de mãe, abraço de pai, beijo de irmã. Saudade é pé no chão na grama e na terra, é pé de manga e de pinha, acerola e ipê. Saudade é apequenada por necessidade: nada maior do que devia pode ser belo ou algo que valha. A saudade é um bom vinho tinto, sorvido lenta e agudamente.

Ah, amigo, a saudade está é dentro da gente. E a graça toda é não termos sobre ela nada mais do que a caprichosa capacidade de observar. Sodades.



2 comentários:

Rudah A. L. disse...

Eu ainda não entendo esse teu gosto por texto em prosa quando ficaria bem melhor em poesia...

Saudade, meu jovem!

Marco Fabretti disse...

Estilo, meu caro, estilo. É o pouco que posso fazer com relação à forma do que escrevo, dado não ser escritor de profissão e dominador da arte do ofício.


Idem!

Abraços