Se a saudade fosse mensurável, não seria enorme. Enorme é coisa de gigantes, estou me apequenando às realidades rotineiras de uma vida cotidiana. A saudade é riacho que corre bem ali, ao lado, escondido no mato, que você escuta mas não vê. Não precisa ser riacho grande não.
A saudade é folha de outono que cai sobre a face num dia deitado sob a sombra escutando farfalhares, num momento não está e noutro já sempre estivera. E folhas são apequenadas, veja bem. Mas tocam com textura única o ar que as embala na queda.
Saudade, seu moço, é estar presente onde já não há presença, é presenciar momentos em relances do olho, é olhar a estrada incógnita e notar a vermelhidão da terra que é vermelha porque outra terra o é. Saudade é um estar não estando, sempre melhor que um não estar compartilhado.
Saudade é olho da moça, carinho de mãe, abraço de pai, beijo de irmã. Saudade é pé no chão na grama e na terra, é pé de manga e de pinha, acerola e ipê. Saudade é apequenada por necessidade: nada maior do que devia pode ser belo ou algo que valha. A saudade é um bom vinho tinto, sorvido lenta e agudamente.
Ah, amigo, a saudade está é dentro da gente. E a graça toda é não termos sobre ela nada mais do que a caprichosa capacidade de observar. Sodades.
Ah, amigo, a saudade está é dentro da gente. E a graça toda é não termos sobre ela nada mais do que a caprichosa capacidade de observar. Sodades.
2 comentários:
Eu ainda não entendo esse teu gosto por texto em prosa quando ficaria bem melhor em poesia...
Saudade, meu jovem!
Estilo, meu caro, estilo. É o pouco que posso fazer com relação à forma do que escrevo, dado não ser escritor de profissão e dominador da arte do ofício.
Idem!
Abraços
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