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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Ponto de fuga

 Amor é estar seguro ao lado de alguém, se sentir seguro, ter um porto seguro. Ser este porto a outrem. Amor, portanto, se dá. Se dá quando se cuida, quando se acarinha, quando se ouve. Amor se dá no estar presente, não sempre, não de qualquer forma, mas quando se é necessário estar. E amor pode ter mão única, porque para se dar não é preciso receber. 


Um dia será de mão dupla. Será sem se pedir. Será sem se explicar. Será por escolha, escolha de cuidar, e isto implica em cuidar nas horas ruins também. 


Eu a amo, me diz a moça que me observa por ângulos que escondo do mundo. Ou, ao menos, posso ofertar este amor como outrora não pude. Mas isto não muda a realidade do que passou. Tão humano, tão dolorido. 


Há quem escolha deixar de amar, e é justo. Quem não se sente cuidado, por que haveria de cuidar? 


Há quem, no entanto, decida ainda se dar. E é justo também. Tem muito mais que lógica envolvido.


As consequências chegam de uma forma ou outra, corações mais endurecidos de um lado, sorrisos que se perdem no meio de uma lembrança e se apagam de outro; vontade de ar puro. 


Uma hora tudo passa, se assenta, se cala. E o futuro chega, num sorriso novo, numa voz que tem prazer em falar, numa alma que se deixa tocar. Que seja ela, num novo sorriso, numa nova entonação, de alma limpa. Ar puro. Se não for, que a vida preencha as lacunas. 


Amor se dá, enfim. Já o porque se dá, fica pra outra hora.

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