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sábado, 16 de abril de 2022

Mon petit prince

"Amanhã, quando eu acordar, vou ter 7 anos!”, falou um pouco antes de adormecer. O dia foi em casa, chovendo, com papai, videogame, Palmeiras, pipoca e pizza. A ansiedade evidente pelo “amanhã” não veio de agora, foram dois anos sem festas, amiguinhos, bolos e brincadeiras. Teve papai e mamãe, sempre, e família, e amigos, no limite da pessoalidade que uma câmera permite. Mas faltou “a festa!”. Eu, na condição de ter sido já criança, lembro o quão especial era o meu dia, ainda que, por sorte ou azar, houvesse sempre outro motivo para as pessoas se juntarem - nascer na virada de ano dá nisso. Não houve corona vírus para mim, e todo ano tive um bolo e as pessoas que amo ao lado. Então é natural que ele falasse sobre seus sete anos há tantos meses. Quem chamaria, como seria. Ainda mais que, melhorado o quadro geral da pandemia, começaram a retornar as festinhas dos amigos. “Os meninos de máscara”, poderíamos chamar o bando. 


“Quem é o menino que já tem sete anos?!”, perguntei ao acordá-lo hoje pela manhã com um beijo naquele bochechão. Ele, de forma dengosa, virou-se para dormir mais um pouco, achando que papai não perceberia o riso contido que tentava evitar. Sim, ele já estava acordado. E me ouvia muito bem. Me debrucei sobre ele para dar outro beijo, e, por 5 segundos, parei para olhar aquele dengo de olhos fechados e sorriso escondido, dorminhoco que fingia ser. Em cinco segundos, a ternura do meu olhar somente refletia aquela alma doce e ingênua, que me chama por “papai!”, faz palhaçadas, prega sustos e contra-argumenta tão bem. Aquele serzinho da gargalhada mais encantadora que já conheci. Aquela alma que, por Deus!, se espelha tanto em mim, que quer ser o papai um dia, e que me faz cumprir fielmente minha busca por ser um Marco melhor. Tenho certeza que será mais do que Marco. Será Felipe, meu Felipe. E, apesar de saber que o mundo é doloroso, e que não haverá maneira de lhe proteger de tudo, ainda sim estarei lá, para quando precisar. É assim que me ensinaram a ser. É assim que lhe ensinarei. 


Te amo, meu pequeno e doce príncipe de sete anos.

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