Bom, escrever o quê? Geralmente não me coloco à obra sem a devida necessidade. O problema é que descobri que talvez minhas necessidades não sejam de fato relevantes para o andar do mundo, como se em desacordo com algumas regras que subjazem nossa estadia aqui. Então, hoje escreverei um texto sem vontade alguma. Não tenho necessidade de escrevê-lo, pelo contrário. Vamos ver em que dá.
Começo apontando a falta de um sentido maior para a vida. Não, não estou em depressão e não acho que ficarei em tal estado. O fato é que sempre temos coisas a fazer, metas para cumprir, sonhos por realizar, e nisto não percebemos quão depende de nós acreditar nestes sonhos, estabelecer estas metas, seguir o script. É quase que uma necessidade, ou se morre de tédio, e com ele a chatice, a ranhetice, a falta de sociabilidade, o ódio enrustido do mundo, as piadas sem graça e as amizades cinzentas. Tentando resumir (é, eu não to muito afim de continuar escrevendo), nosso fazer no mundo implica em como vemos tal mundo, e o não fazer num mundo insuportável (sim, subejtivo, mas foda-se).
Passemos para as memórias. Como elas incomodam, meu. E este incômodo nos condiciona a sempre buscar mais, para apagá-las, ou substituí-las. A construção do presente é mais interessante que o contínuo convívio com o passado, não nego. Mas, por extremista que sou, não poderia deixar de me opor pela falta de opções: ou você pensa constantemente, e trabalha constantemente, ou se ferra. Aqui, meus caros telespectadores, encontramos um exemplo dado de má vontade sobre como o tempo passa independentemente de nossa vontade. Me sinto meio José agora.
Bom, mas José ainda encontra a garrafa, vício que consome ardendo. Eu nem isso. Falta ardência, confesso. Só me consumo.
Tá, enjoei. O fato é que to formado, passei por fases e fases, tenho vinte e três anos, tenho 341 possibilidades pela frente, e tudo isso não é ruim, compreendam. Mas formado já é ato consumado, nada que mude daqui pra frente. A idade, esta é mera convenção que tem mais ou menos valor conforme as coisas que vou vivendo... e de qualquer forma, ano que vem terei 24, depois 25, e assim sucessivamente, nada que eu mude. Quanto às possibilidades, bom, é com elas que me preocupo hoje.
Tipo, dá pra não ter que pensar nelas e tirar umas férias no hawaí, onde finalmente eu aprenderia a surfar? Dar um rolê num trem da ALL e pegar um cargueiro para a França, vivendo ilegalmente e indo pra Bélgica tomar todas as cervejas possíveis do mundo? Quiçá entrar no programa aeroespacial russo e me oferecer de cobaia com a finalidade de atingir o espaço? Trabalhar numa mina de diamantes da África sob condições insalubres e testar de fato a não existência de Deus? Tornar-me pirata nas águas da velha Ásia oriental e roubar cargas de pouca monta e, ao fim da tarde, espairecer deitado no convés do Black Lagoon com uma cerva gelada?
Tipo, não dá. Esse é o problema. De todas as 341 possibilidades, uma ou duas filhas da puta são as corretas. E quando eu de fato segui-las, vou encontrar um prazer nelas. Vou ter metas a alcançar, algo a ocupar minha cabeça, e terei coisas que chamarei de sonhos. Vou ver meus dias indo e indo conforme eu trabalho para realizá-los, e não perderei tempo me perguntando se era isso mesmo que eu queria. Bicho, como eu me sinto condicionado. Talvez não seja de fato, e o simples fato de pensar sobre isso já me ajude
O que é certo, é certo. Seguir nosso código, no entanto, nem sempre é fácil. No final das contas, sou o que sou, querendo ou não. E o que é certo, é, desafortunadamente, certo. Como diria meu avô, e como ele seu pai, e o pai dele, respectivamente. E como eu digo hoje, mesmo não querendo. Faz parte.
3 comentários:
Bicho... até quando não tá com vontade de escrever teus textos ficam legais. "É quase que uma necessidade, ou se morre de tédio, e com ele a chatice, a ranhetice, a falta de sociabilidade, o ódio enrustido do mundo, as piadas sem graça e as amizades cinzentas." Conhecemos alguém assim? Só não sei até agora o que é ranhetice.
Quanto às possibilidades: BL é foda, mas seria a mais legal. ALL é foda mas ainda sim possível, só nos faltou coragem, vontade e um bocado de insanidade, talvez (mentira, foi tudo culpa do TG!).
Foda é pensar no determinismo, mas se bem que meu primo concordaria contigo... E? E que daí são duas opiniões concordantes, já é melhor que uma só.
Pra mim tem todo aquele lance "o futuro é um monte de portas, vc tem que decidir qual vai abrir, só que se abrir um tem que fechar outra, ou voltar e comprar molho pra cachorro-quente na conveniência da esquina", acho que é algo mais ou menos assim... Tp, vai que uma hora as coisas se acertam num dos caminhos, se não se acertarem, vc ainda pode bater um rango antes de qualquer outra coisa.
No fim, sonhos, só os de doce-de-leite!
Tinha o lance doo B.B. King este ano, mas a Receita tá foda, daí fica foda. Concomitantemente há que se comprar livros, um hakama decente, um keikogi trançado e um bogu 5mm. Sem contar tbm livros...
Ahh, como diria alguém por ai "[...] vida vazia de sentimentos[...]"...
Enfim, depois de alguns meses sem comentários, cá estamos!
Abraço, emu jovem!
Bem vindo, ó forasteiro!
haiahaiuhiauhaa
abraço
Ah, cara, soube hj: diz que na Confraria, na av Curitiba, tem 45 cervas diferentes, nacionais e importadas. É no local onde tinha um bar que nunca fomos pop alternativo... esqueci o nome.
Independentemente disto, 45 cervejas diferentes... to achando que devemos, por ossos do ofício, dar uma passada lá, hehe
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