Há coisas na vida que não mudam. Eu gostar de alguém que não está perto é uma delas. Afinal, que raios de pessoa é aquela que não pode deixar de lado o passado e tocar o futuro? Mas não há respostas simples, ao menos no meu caso. Tentarei explicar porque.
Eu sei que amadureci emocionalmente nestes últimos tempos, e sei também que não foi suficiente. Quando afirmo isso, parto da premissa de que sofrer é algo que podemos controlar, ou ao menos lidar de uma maneira saudável. É isso que mães e familiares esperam da gente, sempre. Não entrar de cabeça numa relação, aceitando esta premissa, é um bom início, pois gera uma sensação de controle sobre o que sentimos, e sobre eventuais dores. É isso que eventualmente as pessoas a nossa volta tentam nos lembrar, geralmente aquelas que se importam conosco. E, nem tão eventualmente assim, eu não ligo muito para o que falam, e este é o motivo que me leva a escrever.
Se pretendesse contar uma anedota, usaria as prováveis palavras do Rudah: “você contraria por natureza”. Ele teria, de alguma forma, razão. Mas acho que não é só isso. A vida não pode ser uma simples resignação para com aquilo que nos contraria. Ou nós não poderíamos nos agüentar no mundo, e nossos olhos estariam sempre cheios de um brilho opaco. Digo isso não por ser idealista; digo isso porque já vivi assim, e sei que não é este o papel que devo cumprir.
Se por um lado é mais fácil nos resignarmos com a perda daquilo que porventura acreditamos do que lutar contra a maré, seja lá do tamanho que for o fardo, por outro nada é mais difícil do que lidar com o abandono de nossos sonhos. Viver arrumando desculpas alheias à nossa capacidade de ação (e reação) para justificar-nos daquilo que desistimos é ilusão, se não levamos ao limite nosso fazer no mundo. É claro que eu quero que não haja fome no mundo, que o Palmeiras seja sempre campeão, e, em grau especialíssimo, que eu seja feliz, assim como as pessoas que amo. Mas há coisas que eu não posso simplesmente mudar, e isto é o bom senso que as pessoas que nos cercam tentam sempre nos apontar.
Não alimentaria a África inteira nem que fosse Deus, pois se possível fosse acho que ele já teria feito, correndo o risco de ser enquadrado como um ser bom (é, eu não entendo e não pretendo entender o Deus de barba branca que se vende... para mim, ele não existe). Tampouco me considero abençoado para ser treinador de futebol, e acho que o Palmeiras agradece por isso. No entanto, para ficar nos exemplos acima, ser feliz é uma coisa que me cabe (inclusive é por isto que tenho problemas com a igreja), e é por isto que ajo e desajo, choro, grito, calo. A característica mais marcante da humanidade: sua busca pela felicidade, seja ela chamada plenitude, deus, alegria, ilusão, sonho, etc. E daí temos aquela velha máxima: resigne-se com aquilo que não pode mudar, e mude com todas as forças aquilo para o que tuas forças existem. Bom, o problema é saber diferenciar, né?
Como saber se não podemos agir de fato ou se arranjamos desculpas? Como saber (e esta é particularmente importante) em que hora as espadas devem ser jogadas ao solo? Até que ponto, seu Marco Aurélio, o senhor tem que ser teimoso, é a pergunta no fim das contas. Traduzindo: até quando eu devo me apegar às coisas passadas? Quer algo mais específico que isto? Pois vá lá: até que ponto eu devo me lembrar de alguém que achei ser a pessoa certa para mim (e como foi!) se ela simplesmente decidiu que não é, e ponto.
Racionalmente tenho as respostas. Este parece um caso emblemático daquilo que não posso mudar, inclusive porque já feri por demais meu orgulho, e não só ele. Me feri demais ao carregar um fardo com o qual não podia (inseguro como uma criança), simplesmente por acreditar. Que não podia, eu sabia. Que me fez mal, soube desde o primeiro traço de insegurança dela. Que não era para ser? Ah, isso não. Seria abusar demais do determinismo, e este não é um dos meus ídolos. Se não foi, foi porque decidiu-se assim, e ponto. Por n ou m motivos, se eu estava preparado ou não, a responsabilidade é nossa por aquilo que vivemos, inclusive sobre as desculpas que arrumamos.
Chegamos que a decisão é esta, e eu não posso fazer nada mais, e se, para isso, precisou-se passar por tudo que passamos, fazer o que, é a vida. Inclusive porque não considero que fui o único a sofrer – mas somente sobre o que sinto é que posso escrever algo. E outra coisa: como afirmar que amo alguém se não posso respeitar uma decisão desta pessoa, por mais que doa? Tentei convencê-la de todo jeito, com tudo aquilo que tinha às mãos – quiçá mais uns anos esse tudo aumente e seja suficiente para alguém. Não deu, não deu e ponto. Além do mais, levo comigo experiências boas, e provavelmente estou mais maduro. Frio, lógico, razoável. Sensato, afinal.
Bom, mas o lance não é só racional. E este será o menor parágrafo escrito até aqui (acabei-o, e acabou que ele não foi): não sinto falta dela por depender de sua ilustre presença, passei desta fase. Sinto falta porque em cada coisa boa que eu faço eu gostaria que ela estivesse comigo, e toda vez que me sinto bem gostaria de partilhar com ela. Ela fez aflorar o melhor em mim, e com ela me senti completo. E completo por saber que não dependo dela para isso – é a parte do mais maduro. Toco minha vida, continuo tendo meus sonhos, e, com o devido tempo, ela tende a ir ficando na memória como um sonho bom, que decidiu ocupar minha memória ao invés se fazer presença. E presença é algo que tanto meu racional quanto meu emocional prezam, não há motivo de discordância quanto a isto. Ausência é isso: esquecimento com prazo de validade indefinido.
Por que eu sou teimoso? Por que não ouço muitas vezes o que vozes bem intencionadas me dizem? Por que me firo, e escolho seguir machucado quando todos me dizem que não é mais necessário seguir, que eu já fiz o suficiente? Por que eu reluto tanto em resignar-me e continuo lutando, tentando mudar o mundo pelas minhas mãos, quando somente minhas mãos não são suficientes? Por que exponho todas as minhas fraquezas sem vergonha alguma por um ideal?
Só uma resposta possível: num sonho, a gente acredita, e briga, e cai, e continua acreditando. Melhor a dor do tombo do que aquela do medo. Quanto mais eu caio, mais eu tenho certeza de pra onde ir.
Eu sei que amadureci emocionalmente nestes últimos tempos, e sei também que não foi suficiente. Quando afirmo isso, parto da premissa de que sofrer é algo que podemos controlar, ou ao menos lidar de uma maneira saudável. É isso que mães e familiares esperam da gente, sempre. Não entrar de cabeça numa relação, aceitando esta premissa, é um bom início, pois gera uma sensação de controle sobre o que sentimos, e sobre eventuais dores. É isso que eventualmente as pessoas a nossa volta tentam nos lembrar, geralmente aquelas que se importam conosco. E, nem tão eventualmente assim, eu não ligo muito para o que falam, e este é o motivo que me leva a escrever.
Se pretendesse contar uma anedota, usaria as prováveis palavras do Rudah: “você contraria por natureza”. Ele teria, de alguma forma, razão. Mas acho que não é só isso. A vida não pode ser uma simples resignação para com aquilo que nos contraria. Ou nós não poderíamos nos agüentar no mundo, e nossos olhos estariam sempre cheios de um brilho opaco. Digo isso não por ser idealista; digo isso porque já vivi assim, e sei que não é este o papel que devo cumprir.
Se por um lado é mais fácil nos resignarmos com a perda daquilo que porventura acreditamos do que lutar contra a maré, seja lá do tamanho que for o fardo, por outro nada é mais difícil do que lidar com o abandono de nossos sonhos. Viver arrumando desculpas alheias à nossa capacidade de ação (e reação) para justificar-nos daquilo que desistimos é ilusão, se não levamos ao limite nosso fazer no mundo. É claro que eu quero que não haja fome no mundo, que o Palmeiras seja sempre campeão, e, em grau especialíssimo, que eu seja feliz, assim como as pessoas que amo. Mas há coisas que eu não posso simplesmente mudar, e isto é o bom senso que as pessoas que nos cercam tentam sempre nos apontar.
Não alimentaria a África inteira nem que fosse Deus, pois se possível fosse acho que ele já teria feito, correndo o risco de ser enquadrado como um ser bom (é, eu não entendo e não pretendo entender o Deus de barba branca que se vende... para mim, ele não existe). Tampouco me considero abençoado para ser treinador de futebol, e acho que o Palmeiras agradece por isso. No entanto, para ficar nos exemplos acima, ser feliz é uma coisa que me cabe (inclusive é por isto que tenho problemas com a igreja), e é por isto que ajo e desajo, choro, grito, calo. A característica mais marcante da humanidade: sua busca pela felicidade, seja ela chamada plenitude, deus, alegria, ilusão, sonho, etc. E daí temos aquela velha máxima: resigne-se com aquilo que não pode mudar, e mude com todas as forças aquilo para o que tuas forças existem. Bom, o problema é saber diferenciar, né?
Como saber se não podemos agir de fato ou se arranjamos desculpas? Como saber (e esta é particularmente importante) em que hora as espadas devem ser jogadas ao solo? Até que ponto, seu Marco Aurélio, o senhor tem que ser teimoso, é a pergunta no fim das contas. Traduzindo: até quando eu devo me apegar às coisas passadas? Quer algo mais específico que isto? Pois vá lá: até que ponto eu devo me lembrar de alguém que achei ser a pessoa certa para mim (e como foi!) se ela simplesmente decidiu que não é, e ponto.
Racionalmente tenho as respostas. Este parece um caso emblemático daquilo que não posso mudar, inclusive porque já feri por demais meu orgulho, e não só ele. Me feri demais ao carregar um fardo com o qual não podia (inseguro como uma criança), simplesmente por acreditar. Que não podia, eu sabia. Que me fez mal, soube desde o primeiro traço de insegurança dela. Que não era para ser? Ah, isso não. Seria abusar demais do determinismo, e este não é um dos meus ídolos. Se não foi, foi porque decidiu-se assim, e ponto. Por n ou m motivos, se eu estava preparado ou não, a responsabilidade é nossa por aquilo que vivemos, inclusive sobre as desculpas que arrumamos.
Chegamos que a decisão é esta, e eu não posso fazer nada mais, e se, para isso, precisou-se passar por tudo que passamos, fazer o que, é a vida. Inclusive porque não considero que fui o único a sofrer – mas somente sobre o que sinto é que posso escrever algo. E outra coisa: como afirmar que amo alguém se não posso respeitar uma decisão desta pessoa, por mais que doa? Tentei convencê-la de todo jeito, com tudo aquilo que tinha às mãos – quiçá mais uns anos esse tudo aumente e seja suficiente para alguém. Não deu, não deu e ponto. Além do mais, levo comigo experiências boas, e provavelmente estou mais maduro. Frio, lógico, razoável. Sensato, afinal.
Bom, mas o lance não é só racional. E este será o menor parágrafo escrito até aqui (acabei-o, e acabou que ele não foi): não sinto falta dela por depender de sua ilustre presença, passei desta fase. Sinto falta porque em cada coisa boa que eu faço eu gostaria que ela estivesse comigo, e toda vez que me sinto bem gostaria de partilhar com ela. Ela fez aflorar o melhor em mim, e com ela me senti completo. E completo por saber que não dependo dela para isso – é a parte do mais maduro. Toco minha vida, continuo tendo meus sonhos, e, com o devido tempo, ela tende a ir ficando na memória como um sonho bom, que decidiu ocupar minha memória ao invés se fazer presença. E presença é algo que tanto meu racional quanto meu emocional prezam, não há motivo de discordância quanto a isto. Ausência é isso: esquecimento com prazo de validade indefinido.
Por que eu sou teimoso? Por que não ouço muitas vezes o que vozes bem intencionadas me dizem? Por que me firo, e escolho seguir machucado quando todos me dizem que não é mais necessário seguir, que eu já fiz o suficiente? Por que eu reluto tanto em resignar-me e continuo lutando, tentando mudar o mundo pelas minhas mãos, quando somente minhas mãos não são suficientes? Por que exponho todas as minhas fraquezas sem vergonha alguma por um ideal?
Só uma resposta possível: num sonho, a gente acredita, e briga, e cai, e continua acreditando. Melhor a dor do tombo do que aquela do medo. Quanto mais eu caio, mais eu tenho certeza de pra onde ir.
5 comentários:
"Quem passou pela vida em branca nuvem
e em plácido repouso adormeceu;
quem não sentiu o frio da desgraça,
quem passou pela vida e não sofreu:
foi espectro de homem,
não foi homem,
só passou pela vida,
não viveu."
Ilusões da vida - Francisco Otaviano
Cara, como assim "teria"? Eu sempre tenho razão!!! Vc que não sabe perceber isso sempre. Fazer oq, cada um com a limitação que tem... Mesmo assim eu te considero meu amigo!
Agora falando mais sério: teus sonhos se igualam aos teus desejos? Se sim, vc tá um pouco mais racional. Se não, continua um tanto passional. Mas vá lá, cada um que saiba lidar com o mundo da melhor maneira que conseguir. Se o Massa tem uma Ferrari tosca, se fodeu. Se vc é teimoso por natureza, tá lascado, vai se quebrar mais doq eu! hahahahahahahahahahahahaha
Não que seja uma resignação àquilo que nos afronta, é só saber lidar (racionalmente) com aquilo que, de certa forma, já tem rumo certo, não depende só da tua decisão ou da minha (se fosse só da minha, cobraria mais barato, pelo menos até comprar um bogu), infelizmente o mundo é composto de vários mundos. Embora ainda não abandono a máxima "meu mundo só depende de mim mesmo". No fim, viver não é tão fácil, nem tão legal, mas a gente tá por aí... tomando cerveja, procurando treinar o máximo que dá, e, no limite, almejando mestrados Itamaratys e afins (quiçá um V8 fodão!!!). Acho que é isso.
Fiquei com um puta preguiça de reler o comentário inteiro pra ver se faz sentido. Se não fizer, amanhã no treino conversamos.
Abraço!
PS: Lembra-te: eu sempre tenho razão!!!
n fraguei muito bem a dos sonhos correspondendo aos desejos... explica aí, tio? (mas passional, bom, sou mesmo: bom por um lado, ruim por outro, faz parte)
sobre o saber lidar, acho que foi o q tentei passar, e como conversamos hj no treino, o q vc entendeu tb... mestrados, itamaratys, v8s fodões, cervejas, bom papo e treinos que nos esgotem fisicamente, são ótimas opções. to contigo e não abro. e há outros elementos né... bem sabemos.
cara, vc sempre tem razão? então eu estou SEMPRE errado? vou me matar! hauhaiuhaiuhauiahiaua
e minha cara liliam, agradeço o poema :)
abraço e bjo respectivos
Bom, não estou para discussões sobre natureza do homem, sonhos e felicidade...mas no caso do amor acredito muito na sabedoria popular. Frases do tipo "só o tempo cura", "se não foi era porque não teria que ser" podem não fazer sentido se pensarmos na nosso ação no mundo, mas mesmo assim são frases que servem pra nos trazer paz, tranquilidade para conseguirmos um dia parar e ver: é realmente não era para ser, e estou mais feliz assim. Não sei se me fiz entender. Mas segue o mesmo princípio do rezar sendo ateu!!ehehe
"Frio, lógico, razoável. Sensato, afinal." Ai vc exagerou em?!!ehehe
meu caro thiago, agradeço. O tempo que leva tb traz coisas novas, como não? Afinal, a vida não para.
Te cuide
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