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segunda-feira, 11 de março de 2013

O médico e o monstro

Há que ser. Meio médico, de alma, quase sempre. Médico de fino trato com os pacientes, uma sutileza num gesto ou fala aconchega e ganha mais do que horas de explicação bem intencionada (e, às vezes, inútil). Meio monstro, numa razão necessariamente pequena - medida ideal. Que a fúria não seja despertada, que os sermões fiquem adormecidos, que os recreios permaneçam fora de sala. Pois aí a dose do remédio é na jugular. E machuca. 


Achar o caminho eficaz entre essas duas personalidades é o lance. Sem receita. Só deixar fluir. Aguentar os baques. Uma hora tudo começa a parecer natural, o esgotamento é menor, a taxa de retorno da tal felicidade em lecionar, maior. E aqueles que antes não ficavam quietos, passam a ficar. Deixa de ser necessário se esconder à frente do quadro com medo do silêncio de estar à mesa sentado. Falsa dominação, ilusória sensação de controle. 


Quando o monstro é bem gerenciado, o médico geralmente consegue trabalhar. Aí, ninguém segura. 

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