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sábado, 10 de outubro de 2009

Brasileiro, pois não!

Abaixo, alguns textos de outros países acerca do Brasil, uma pequena contribuição de como somos vistos no mundo. Valho-me de alguns comentários preliminares, se me permitem.

Não sou Lula, ressalte-se. Não compro a Folha de São Paulo ou a Veja para pisotear e mostrar como minha face de esquerda se acende com os desmandos da grande mídia, num orgasmo que quanto mais público melhor.

Não acho que Chavez é democrata, e que tão pouco referendos sobre reeleição sejam válidos para pular instâncias institucionais, incluso aqui o senhor Uribe...
Se hoje é reeleição, amanhã será sobre o interesse do próximo governante, e talvez o tema não seja tão sucinto. Se há uma classe política, ela é aquela apta a governar, a pensar no bem comum (ou assim deveria ser). Atenda-se às massas em todos os seus clamores e teremos perseguições às minorias, populismo desenfreado, pão e vinho no fim da tarde. Jesus concordaria comigo, se não fosse mártire.

Não acho que o mensalão fora só uma grande jogada de mídia para derrubar um governo que, salvo as garras da elite sórdida do país, deveria desde já ser canonizado. Tampouco dou ouvidos aos famosos saudosistas, aqueles que não se cansam de dizer que tudo começou no passado, que o governo anterior é fonte do mal, e agora travamos uma luta inglória (e sim, vamos irmãos!) a favor do bem. Certo é certo, errado é errado. Que o país tenha um sistema político ruim e permita mensalões da vida não exclui de responsabilidade aqueles que usam o bem público em interesses excusos. Seja deste governo, seja de outro governo.

Não gosto, me permitam o friso, deste clima maniqueísta onde o atual é bom e o antigo é ruim. É ridículo que o foco das eleições futuras seja já a velha ladainha de que se mudar de governo, o mundo acaba. Não, o mundo não acaba, pois o Brasil está num caminho de institucionalização progressiva, e salvo o público alvo das campanhas publicitárias dos partidos políticos, há bastante gente que pode enxergar esse fato. Tão ridículo quanto a dona Regina dizendo que tinha medo. Dá ânsia de vômito.

Enfim, não sou governista, não sou pmdb vendido, não sou coalizão em troca de sucateamento do aparato público, não gosto de quem votou no Collor e acho, sinceramente, esdrúxula a posição dos petistas que antes criticavam até pensamento sobre supostos figurões da vida política brasileira e hoje se calam por estarem no poder. Mas enfim, não sou petista, e achar esdrúxulo ou não não me cabe, eles que se resolvam com o que tem. Meu primeiro voto foi para José Cláudio, meu segundo para o Lula, e de fato era um partido que eu respeitava. Isto é um problema, sobre quem votar agora... minha preocupação com o partido, no entanto, isto já não importa.

Bom, não sou Lula. Mas tampouco Serra, Aécio, Ciro, Marina. Não acho o tal do psdb um exemplo de partido, e não há, para mim, como ler Veja e não sentir asco pela linha tendenciosa que escancara. Defender o Michelleti esta semana como detentor dos bons costumes da democracia foi... me falta o termo... idiota? Não, de idiota não tem nada, é tudo muito bem bolado para vender uma certa imagem para nós, os verdadeiros idiotas. Nas páginas amarelas ,como Cuba é o inferno em Terra! E o povo vai consumindo estas informações, avidamente por cultura da classe média. Média, de mediano mesmo... e antes que me ataquem os medianos de plantão, me assumo parte de vós, ó irmãos. Sou tão classe média quanto estas palavras deixam transparecer. Ninguém é perfeito, fazer o que.

Voltando à Veja: não acho Zelaya e seu referendo flor que se cheire, como se pode implicar das falas acima. Mas até então era o presidente eleito, e sua destituição é golpe de estado. A implica em B, e ponto. Golpe de estado se condena, não se faz apologia. E Cuba, to bem de boa de ir pra lá ein... mas isso não faz com que esqueça que boa parte da pobreza daquele país é devido ao embargo comercial americano, algo que revistas bem intencionadas esquecem de frisar com suas criancinhas chorando de capa chamativa.

Sinceramente, não acredito em imparcialidade jornalística da Globo. Vc já viu o jornal nacional anunciar matéria sobre a vida dos sem-terra? Tirando a parte em que pés de laranja são destruídos, focando na bobeira das barracas de lona e gente sem ter de onde tirar o seu sustento? Porque pobre não passa de estatística, quando o problema é pequeno... tantos passam fome, tantos morrem, tantos tem desnutrição infantil... e estatística, meus caros, se engole com a janta em frente ao televisor, no máximo um suspiro surge da cena. Já os pés de laranja, ah, estes, meu Deus, como revoltam ein... closes exclusivos das ações dos marginais, opiniões de autoridades condenando o ato, até o tal do Evandro Junior escrevendo artigo escrachando aqui na querida cidade (e a função de um vereador, que é bom, nada... mas isso não é importante, a grande massa tá nem aí se pagamos o salário de pessoas despreparadas para um cargo público simplesmente pq tem nome)...

(Quer falar de propriedade vereador? Fale da função social da propriedade, que é mais coerente com alguém na vida pública e que deveria zelar pelo bem comum)

Ridículo, simplesmente. Não, não sou um fervoroso comunista que come criancinhas, tenho bem trabalhado comigo a noção de propriedade e sua função num quadro social. Simplesmente porque propriedade é anterior a este besteirol ideologizante que nos vendem todos os dias, tanto esquerda quanto direita. Ah, e prefiro pés de laranja em pé, muito mais úteis. Mas a tendenciosidade com que movimentos sociais são demonstrados chega a ser, para um observador atento, revoltante.

Enfim, entrevistar o Serra sobre as Olimpíadas quando quem deu a cara a tapa e choro foi o Lula é marca do que a tal da direita pode fazer, descaradamente.

Mas vá lá, que o texto já é longo demais, e se pá nem tão coerente. Tudo se resume ao fato de ser brasileiro, e sentir orgulho de sê-lo. Fora a discussão sobre quem tem o pipi político maior, ou quem tem o dom do messianismo mais arraigado em sua alma de homem do povo e respectivos cupinchas (ótimo termo), os textos abaixo mostram um pouquinho desse sentimento. Sim, nós podemos. Somos líderes da AL, e, por mais megalomaníaca que seja a postura do Itamaraty, hj o Brasil tem voz ativa. Voz de quem não se esconde, de quem não deve nada a franceses, espanhóis, norteamericanos ou chineses. Voz de quem não se impõe, mas mostra ao mundo que tem posição, e que ouve as posições alheias. No choro do presidente Lula, aumentamos nosso sentimento de cidadãos do mundo.

Há momentos em que a guerra por poder fica de lado, ao menos para o expectador; que o cotidiano das politicagens que nos cercam fica de lado; que esquecemos nosso asco pelos problemas de nosso país. E isto, isto é o que sinto agora. E não posso negar meu respeito por aquele que assumiu este fardo. Não sou governo, como ninguém em bom juízo deveria ser... Mas tenho orgulho deste presidente. E que suas falhas sejam corrigidas com aqueles que lhe sucederem, sempre partindo de uma amadurecimento popular que cobre e aprenda a fazer com que seus governantes funcionem. Utopia? Não, só consciência de trabalho duro à frente.

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