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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Os três problemas de um homem


Há três tipos de problema que todo homem precisa lidar durante sua vida, penso eu. Problemas financeiros, amorosos e filosóficos. Discorramos um pouco sobre cada um para saber se podemos impor uma preeminência de um sobre outro.
Problemas financeiros, aqueles que, se evidentes, nos tranformam a vida da maneira mais evidente possível. Não me resumo a de fato termos um problema no sentido próprio do termo, mas a própria necessidade de sobrevivência entra neste rol, uma generalização. A pouquíssimos nascidos em berço de ouro colocar comida na mesa, conseguir uma casa para colocar esta mesa com a tal da comida, saber como lavar a própria roupa ou como adquirir essa roupa não é uma constante problemática. Ao resto, a vida adulta se encarrega de fazer ralar, e isto não é necessariamente ruim. Se Aristóteles estava certo (filosofia só de barriga cheia), temos aqui já uma grande indicação de preeminência. Soma-se a isto minha opinião pessoal de que problemas amorosos são diretamente proporcionais à quantidade e qualidade dos ditos financeiros e ponto: antes de amar ou filosofar, que o homem tenha seu próprio dinheiro.
Entretanto, começamos a filosofar muito antes de uma suposta independência financeira, apontaria um crítico desta minha análise nem tão importante assim - a minha análise, não o crítico. Quem sou eu, o que faço neste mundo, porque raios chove, onde nasce o arcoíris (malditos hífens e reforma ortográfica), o que é o tal do deus para o qual me ensinaram a me prostrar. E a pergunta que mais gosto: certo e errado, o que são? Um dia ainda me volto seriamente à Ética, concluo de vez em quando. Mas voltemos: todos os homens filosofam, uma hora ou outra, e intuo vagamente que a pergunta de quem somos no mundo continua muito aberta durante a vida de qualquer um. É por ela que fazemos o que fazemos no mundo e para o mundo, seja lá o que façamos - mas é só uma intuição, e das vagas. Bom, tomando como verdade a assertiva, visto que o blog é meu, passo ao fato de que alguns destes homens escolhem por filosofar por profissão, e eis estou eu incluído. A estes homens, mais do que uma consciência clara sobre a importância dos ditos problemas filosóficos e uma estreita ligação com eles de forma muito pessoal, cabe a responsabilidade de responder à humanidade de modo satisfatório a tais problemas. Neste ponto me sinto literalmente fudido, enrrascado, atolado na lama, com vontade de voltar ao jornalismo que nunca fiz por falta de grana (não tinha prouni, fazer o que) ou chegar logo à medicina que almejo (ainda me falta a grana). A responsabilidade é muita, muita, muita. Posso ser um mestre ou doutor meia boca que vive pelo título, deixando essa responsabilidade de lado, ou posso deixá-la evidente no meu quadro de avisos, me forçando a ir sempre mais fundo. Bom, se esta última opção for a escolhida, a questão das preeminências de fato é alterada. Parece ser dever de todo ser humano com a sensibilidade para os problemas filosóficos da humanidade colocá-los como meta de vida. A situação piora a cada parágrafo, mas continuemos. Por enquanto, duas necessidades muito fortes, a de sobreviver e a de filosofar, se colocam no encalço. Restam os amores. Vamos a eles.
Quer problema mais doce para tratar do que os ditos amorosos? Pergunta perigosa esta, e meu tom sarrista se faz presente. Claro que não são doces, quando problemas. Diria os mais amargos, quando sérios. Financeiros, você se levanta, trabalha, briga e resolve. Filosóficos, você senta, lê, lê mais um pouco, recomeça no outro dia e se pá não resolve, mas ainda sim está nas tuas mãos. Já os amorosos, estes de modo algum dependem somente de uma pessoa, como quereria Rudah. Há que se buscar uma harmonia com outrem e, dadas as experiências, ou eu sou idealista em demasia ou azarado. Nos dois casos, pressinto que preciso mudar algumas coisas, e assim vou fazendo. Neste caso, Rudah não estaria tão errado assim: há coisas que só dependem de nós, inclusive no amor. Mas eu complementaria que este fazer se limita a impor as condições pelas quais adentraríamos num relacionamento, e do fazer valer tais condições durante o dito cujo. E agora já devaneando, diria que uma destas condições é que se houverem problemas, que a pessoa valha a pena.
Por que posição tão extremada? Ora, já apontei a importância de um homem cuidar de suas finanças e de seus problemas enquanto homem (filosofia), o que no meu caso tem a ver com meu emprego e salário no fim do mês, e temos bastante tempo e concentração tomados para lidar com ambos os assuntos de maneira satisfatória. Se aí interfere o amor, que seja de maneira agradável. Cultivar um relacionamento também requer tempo e atenção, e em nenhum momento negaria que, nestas condições, estaria a vida do homem completa. Mas não falamos de situações boas aqui, falamos de problemas. E a partir do momento em que um relacionamento deixa de ser algo complementar e harmonioso, fazendo com que a vida comece a andar para trás, há que se tomar a ordem das coisas: a necessidade de sobrevivência continua, os problemas filosóficos e a responsabilidade para com eles persistem. É por isso a conclusão: se for para parar a vida para lidar com um problema amoroso, que a pessoa envolvida valha muito a pena. Problemas pequenos devem ser deixados de lado e seguir em frente, e se eles começarem a se repetir em demasia, o melhor é deixar de lado. Ah, e se os problemas forem de amor ausente, mais clara ainda deve ser a posição: amor ausente não é amor, é falta, descomprometimento... e por isso não deve ter status de problema, seria lhe bajular em demasia.
Há coisas mais importantes no mundo do que uma ausência para o homem tratar.

2 comentários:

Unknown disse...

tem sim, mas me parece que ainda so sabe da teoria!! ;)

Marco Fabretti disse...

um aparecimento válido, mas com o qual não poderia concordar :)

de algum lugar deve ter vindo a teoria, ou não? mas é intrigante que tua valoração se sobreponha à minha, me confesso um ignorante para poder debater.

Em todo caso, seja bem vinda, e apareça quando quiser.