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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Raiva

Eles não sabem ler. Eles não sabem escrever. Eles não sabem interpretar um texto. Eles não querem estudar. Eles não tem motivo para estarem na escola. Eles simplesmente estão ali, e o professor tem que convencê-los que estudar é algo necessário. Disfarçar conceitos sob situações problemas, ser um animador de torcida. Dar errado até fazer o certo. Incluir na animação de torcida filosofia, porque filosofia não é autoconhecimento nem debate entre todos e sobre tudo. Juro que desanimei, e estou em sala de aula por 2 dias.  Isso tá me deixando com raiva. Sou formado para ensinar filosofia, não para alfabetizar. Sou formado para contextualizar situações problemas e relacioná-las ao tema, isso é óbvio. E justamente por isso sei que simplesmente tratar de assuntos polêmicos para chamar a atenção dos alunos não implica em ensino de filosofia, ainda que tal ensino possa muito bem usar de temas polêmicos.

Pois bem, to com raiva. Muita. Dessa raiva a situação vai ter que melhorar.  Poema, música, textinho, cópia do quadro, explicação individual pra cada um se for necessário. Trabalho em grupo, apresentação de seminário, dançar a dança do epa. Vão aprender. E vão aprender filosofia. Nem que for pra mandar vir 40 exemplares de livros didáticos dos sebos de Maringá, e trabalhar revezando entre eles. A droga do sistema educacional é ruim. A realidade é ruim. Bom, foda-se. Se a realidade é ruim, eu sou marrento. E me formei pra isso, no fim das contas.

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