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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sob a chuva calma de um amanhecer


Cinco e meia da manhã. O despertador tocou pela terceira vez, na qual levanto. Banho, coar o café, pão, louça, material. Guarda-chuva. É noite em Porto Alegre, eu sou o único no ponto do canteiro central. Não sei se o ônibus virá por aqui, pode ser que venha pelo lado externo. A saída para ele é longe, se ele vier terei que pular a mureta da avenida. É o que faço – parkour da madrugada. Quarenta e cinco minutos, o Sol permanece escondido, agora sobre as nuvens acinzentadas. Passo morros que me lembram a Serra do Mar. Talvez seja a dita cuja. Só sei da parecência. Caminho da praia: morros, árvores, invariavelmente nuvens baixas circundando o cume. Mas não estou na praia, tampouco são os morros que deleitam minha memória.  Estou numa cidade que não é a minha. Já não tenho medo, no entanto: observo despretenciosamente.  E obeservo tudo isso por um único motivo: hoje  é meu primeiro dia de aula; e eu não sou mais somente aluno.

Na escola, enquanto espero bater o sinal para me apresentar, sento em frente ao pátio aberto e chuvoso. A água empoça a um metro dos meus pés, a poça acompanha toda a extensão do pátio. Dois pequenos brincam. Primeiro ganho do dia. Um, gordinho, cinco ou seis anos, olhinhos enérgicos que não paravam nem ao perceber que eu os fitava. Outro, mais alto, corpanzil; botas amarelas brilhantes do ben 10 e uma capa de plástico sobre metade do corpo, também amarela. Eles correm no corredor mergulhando as pontas dos guarda chuvas na poça do pátio, seguem até o fim e voltam. Revezam a liderança. Não estão nem aí para mim. Se é que é possível sair de um momento “observador” para um momento “reflexivo”, descreveria assim: os observava sorrindo, acompanhando a brincadeira, e não mais que de repente pensei que daria aula para eles. Não agora, não ano que vem. Mas algum dia. Se preparem, e aproveitem enquanto isso, continuei pensando.  Um dia darei aulas para eles. Eles não sabem disso, e como poderiam? Mas eu sei. Meu coração se alegrou naquele nublado todo.
Não entrei em sala. Era o dia de minha folga. Aproveitei para conhecer a biblioteca e pensar num plano emergência para o último trimestre.Emergência porque amanhã tenho aula. Bom: introdução à filosofia; origem da filosofia; mitos; filosofia antiga – não, clichê demais, cara de primeiro trimestre, não último. Moralidade e problematizações éticas – tem que ser feito com tempo, coisa que eu não tenho. Lógica – na mosca: nunca é demais, e há que se aprender a acessar um texto. Nota mental do dia, ir atrás das apostilas do professor Evandro. Ok, temos Lógica. Mas é pouco para um trimestre, e bem maçante para um começo de trabalho. Opção complementar – existencialismo. Material pronto do estágio, na medida para ser trabalhado; ademais, assunto sempre interessante. Há que se contextualizar, existencialismo não surgiu do nada. Vamos ver. Aguardando os próximos capítulos.

2 comentários:

Rudah A. L. disse...

Afinal, deste aula ou não?

Marco Fabretti disse...

não... mas to esgotado igual, rs. muito muito. amanhã é o dia.

abraços