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terça-feira, 12 de outubro de 2010

A água torta - perguntas do dia da criança numa tarde à vinte graus

Por que água torteia se lhe bate o vento? Arco-íris surge e dessurge diante de mim, ilusão cristalina. A água chega na minha face, e nas outras crianças - mas elas fazem baita griteiro. Eu emudeço, talvez com vergonha pelo meu tamanho. 

Por que o pavão não abre logo a penugem? Ficar parado não garante comida, pavão! E tem um marreco meio diferente, sem pé de pato, que é rei do pedaço. Te cuida, azulão. 

Por que macacos prego, martelo ou parafuso precisam ficar presos em jaulas minúsculas? Já não basta aguentar o zumzumzum das crianças bobas por natureza e dos pais bobos por descaso divino? Jaulas maiores, oras. 

Que raios de coisa estava fazendo um gato no meio dos patos? Tranquilizando a comida? "Vou te comer, mas é sem dor, vamos fazer isso o mais prazerosamente possível". Tá bom, gato, tá bom...

Por que aquelas crianças caíram na água? Em meio aos pedalinhos de pato, descobriram que dá pé. Talvez a pergunta deva ser: por que só as crianças caíram na água?

Por que a mãe toda descabelada, roupas ruins e filho no colo demonstra tanto orgulho? É dias das crianças (e respectivamente dos pais) para os pobres também? "Ser mãe" é razão de vida, quando a vida não te dá razões. É o que ela me diz.

Por que em dois não se pode apreciar momentos como um? Se um parar e olhar, que se pare e olhe também.

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