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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Educação: problema de todos... ou: nossa geração será a mesma merda que as outras?

Pergunta do dia: como conciliar prática docente que forme cidadãos com alunos desassistidos pelo estado desde seu nascimento - saúde, moradia, segurança, educação de QUALIDADE (aquela que não visa somente por gente dentro da escola à merce dos poderes milagrosos dos professores)? Conciliar com um estado ausente e com uma família que muitas vezes nem família é? Aqueles que tiverem a resposta, favor repassar para qualquer professor público, ou entrar na profissão. Necessita-se urgentemente, se a ideia de um país para todos (e não só para classe média) é verdadeira.


Ou o país é para todos, ou não é para ninguém, já dizia a música. 

Enquanto a classe média se preocupar somente em matricular seus filhos em escolas particulares e se omitir em discutir o ensino público, que hoje é um lixo, sistematicamente falando, serão necessárias cadeias novas, cercas elétricas novas, clínicas de reabilitação novas, cracolândias novas, delegacias novas, políticos corruptos novos, e assim por diante. 


Enquanto uma mãe da Restinga tiver sete filhos e se drogar na Redenção sem que ningúem faça nada, ou que uma mãe não tenha um banheiro em casa para as necessidades mais básicas de sua família além de comer e copular... enquanto for normal que o Santa Felicidade em Maringá seja um bairro de excluídos onde boas pessoas não vivem... ou que Sarandi é onde a violência deva imperar para poupar os grandiosos maringaenses da gentinha...

A merda do país não vai para frente. É filho atrás de filho, problema que passa por gerações, pessoas omitidas pelo Estado burguês que se tornam omissas com suas próprias vidas, e mantém o ciclo. 

Enquanto eu, professor público, for, como tantos outros que tem a coragem de fazê-lo, a única guia de salvação de uma criança para qual o mundo não olha, passeatas pela paz de pais bem empregados serão ridículas. 

O Estado somos nós. Não para nós, atualmente. Mas os políticos corruptos estão lá com o nosso dinheiro, o Sarney está andando de helicóptero comprado com a nossa grana, há toda uma estrutura sendo usurpada enquanto ficamos quietos. Sempre tive dúvidas sobre qual partido deveria ser minha escolha, dúvida arraigada na quase crença na impossibilidade de ações concretas significativas. Hoje estas dúvidas acabaram. 


Não importa o partido, não importa se a geração mais velha e anterior à nossa não conseguiu fazer algo decente, não importa se ninguém mais crê que o mundo possa ser mudado, ou se não sabemos o caminho. Isso tudo é papo de bar. Há a necessidade de ação imediata visando o todo. Educação decente, segurança para todos, saúde que resolva. Universidades voltadas para a vida prática, crescimento econômico aliado a um crescimento cultural, moradias com sanitários onde não os há. Polícia na Restinga e não no Moinhos de Vento. Políticos corruptos na cadeia e fora do poder. 


Nada melhor que um choque de realidade para descobrir que as injustiças do mundo em textos de academia são brincadeiras de crianças grandes com suas masturbações mentais.


Um comentário:

Elenilton Neukamp disse...

É por aí Marco!
Costumo dizer que o aquilo que a gente chama de classe média - ao menos na cidade de Porto Alegre - são ilhas em meio à uma grande periferia.
O problema é que as ilhas são guetos, que raramente se dão conta desta condição. As pessoas continuam nesta autoilusão de que "o mundo lá fora" é cruel. O mundo é aqui e agora, sempre.
Não temos um projeto de nação, esse é um dos problemas. Há um consenso de que é isso mesmo e não há o que fazer. Isto é que me deixa indignado, esta resignação diante de tudo. A morte do nosso aluno/amigo é um exemplo cruel. Nem mais a morte violenta de alguém próximo mobiliza as pessoas. Lamentável.
Mas, por mais estranho que possa parecer, é exatamente nesta meninada desassistida que eu aposto minhas fichas. Daí pode surgir algo novo, e talvez sejamos agentes de alguma fagulha.
Nesta classe média que só pensa no carrinho novo e no umbigo, não boto fé nenhuma. É o tal rebanho do qual falava o Nietzsche, e que fica fascinado diante do "ouro de tolo" criticado pelo Raul Seixas...