- acordar a hora que eu quiser, mesmo não querendo em muitas e muitas vezes;
- ter o café do pai pronto na mesa e o almoço da mãe pra rangar;
- contemplar o ócio sentado numa cadeira de área em frente à pracinha;
- deitar na rede da varanda e ver a chuva cair gostosa;
- esquecer que há uma realidade de semiletrados aos quais devo atender quando retornar à porto alegre;
- esquecer que filosofia para jovens semiletrados é um vão esforço, e que a curiosidade natural deles poderia muito bem ser aproveitada por uma boa professora de português e matemática;
- poder ia ao cinema com a irmã, namorada e irmão, se ele me permite chamá-lo assim;
- poder jogar papo fora com meu avô; e com minhas avós;
- perceber que a cidade em que nasci é bonita pra caralho, e que se tivesse mais opções culturais seria perfeita;
- curtir uma piscina e sauna com o velho;
- dar um rolê na uem com o yuki;
- tomar um téres bem gelado e sem açucar com o tomate e o doni.
enfim, férias é massa, to em casa. como é que querem que eu desça meus padrões do que é a vida, tendo tudo isso aqui, para a realidade da restinga? é complicado. tráfico de drogas, mortes, tiros, escola cadeia... pais e mães com quinze anos, filhos mal educados e formados, perspectivas limitadas.... há uma cultura institucionalizada, arraigada, que influencia aquela comunidade. e é uma cultura que contamina os sonhos dos jovens que atendo. falar em universidade ali é piada. e é contra essa estrutura que tenho que lutar? é vivenciando este cotidiano que criarei meus filhos, estando maringá à minha porta?
por enquanto, deixo a resposta pra depois. estou de férias.
Um comentário:
Permito sim, meu caro!
E me sinto lisonjeado!
Cara, férias é pra isso. Problemas a gente resolve quando os vivencia. O foda é quando eles são abstratos demais p'ra se dizer "ah! agora estou vivenciando este problema".
Mas fazer o que... C'est la vie!
Grande abraço!
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