Lendo Cascão e a necessidade de dinheiro para uma invenção, ele me interrompe:
- Papai, sabe quando eu crescer e for aquelas pessoas que criam regras...
- Ã...
- Eu vou criar uma regra boa para todo mundo.
- Ã...
- Eu vou criar a regra que todas as coisas serão de graça, para todos do planeta, desse planeta aqui, ó - aponta para o chão.
- Tá. Espero que logo vc se torne essa pessoa - sorrio.
Pois ali meu pequeno herói universaliza o bem que pode e ou deve ser feito, se propõe como ator protagonista, legislador pensando em como melhorar o mundo, antecipa uma luta com o mundo que nós, adultos, sabemos ser real, doída, menos glamourosa.
Meu papel? Só pode ser ajudar este ser a não esmorecer, ensinar que ache seus caminhos, dar-lhe instrumentos para a empreitada, dizer "Vá!" e, se precisar, "Volte, descanse, amanhã vc tenta de novo".
Vamos tentando. A responsabilidade é grande. Nossa humanidade é pequenina, falha, errônea tantas vezes, mesquinha outras tantas. Mas nessas horas, talvez, ela também seja uma humanidade de entrega, de redenção, de uma eterna construção entre idas e vindas, dores e alegrias, abraços e despedidas, nós e o mundo nos moldando mutuamente sem receita universal, somente exercitando nossa liberdade perante tudo o q nos aflige, colhendo momentos presentes que nos garantem, talvez, a sensação de uma existência plena, ainda que na falta, na incompletude que nos assusta e espanta.
O que mais sobra a um pai? Sigamos.
Um comentário:
Que essa geração ajude os adultos a imaginar - e criar - um futuro diferente e mais (bem mais) colaborativo e solidário
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