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sábado, 22 de maio de 2021

Da arte do desenlace

 Dói. Ninguém falou que não doeria, mas precisava ser tanto? Dói lancinantemente.  Dói por A ou por B, se afasta ou aproxima. Dói, mesmo gentil; ainda mais, indiferente. Prometer é dar aquilo que não se tem, lhe ensinaram. Sim, e haveria beleza maior em optar por construir juntos todos os dias o que não se tem? Enfim, a dor que passe. Permaneço nos portos que me permitem atracar. Marujo velho, perdido no desenrrede de um peixe ou outro, ouve o mar sem precisar olhar em volta. Ele sente. O mar ondulando, quebrando em si mesmo, o Sol que lhe queima as mãos escuras, a brisa que se insinua como tarde de domingo, a moça indo embora.

Sua calmaria não diz tudo, irrompem batalhas ferozes dentro de si e estas não se mostram. Mas sabe desde guri que o mar serena no fundo, e as tempestades passam.

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