Ai ai ai... aniversário e fim de ano, batendo um papo com a tia professora, o negócio de ser professor pega de volta. E comparando contextos, sinto um sentimento de vazio. Vejo como a figura do professor no contexto em que eu trabalho se ilude sobre o trabalho que faz. Como se pudéssemos nos esconder em risos e relações da realidade kafkiana que nos aflige diariamente: os alunos que não aprendem, a escola que não funciona, o conselho tutelar que não atende, a psicopedagoga que não existe, a biometria que não é substituída por um professor da mesma área, o analfabetismo funcional de metade dos alunos...
puts, é bom relembrar disso. deixar bem marcado para mim mesmo que participo desta merda toda. saber em que há lugares em que se ensina e se resolvem problemas. Em que a Secretaria de educação não dá canetaço e sim contrata professores específicos para alunos de inclusão, ou onde o mais educação tem professores especialistas envolvidos.
É bom, nesta data de passagem, saber que pais sofrem processos por um aluno não ir à escola, que alunos não faltam aos laboratórios e que uma retenção é algo grave, pois vários outros caminhos já RESOLVERAM o problema. É muito bom saber que quando falo em reuniões de professores que aquele padrão é algo inaceitável e que precisamos mudar de forma ampla (buscar mudanças em conjunto, pois não tenho receita) não está em minha mente um sonho, como tantos insistem em desdenhar, e sim uma realidade que somente um bairrismo estúpido não consegue perceber.
Para quem ler este post, a pergunta (bem intencionada ou não) seria: pq não te mudas? Pq ficar tentando resolver problemas de um sistema que apodrece? Pq bancar o pseudo herói e voltar para essa realidade sem guia, sem líder, sem gente que dê jeito? Pelo desafio? Pelo salário?
E minha resposta seria: bom, são perguntas sem respostas.
A única coisa certa é que analfabeto funcional em nono ano é atestado de ilusão para professores anestesiados. Deus me livre de ser um deles.
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