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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Mia, meu gatinho

Há silêncio em seus passos, cada vez mais. Há a satisfação enrustida, a alegria no pequeno esforço. Há, para quem se importa, e todos os outros são folhas caindo numa caminhada outonal, fria e clara. São poucos aqueles para quem há alguma coisa deste homem. Não é, nem de longe, o grito devastador juvenil de outrora. É voz suave, mas firme, que percorre verdades com a facilidade de relativizá-las sem se importar muito. São poucas as verdades que importam. Somente com elas há de ser perder o tempo. 

Há um amor, sem igual, sem medida e sem opção. Há uma pequena vida, pedacinho de carne que sorri por miados e chora cantando. Tudo agora parece perene demais para que se tranque em portas inabríveis, postura tão comum quando jovem. Existe somente uma porta, e estar fora é já coisa impossível. Mia, gatinho, mia e sorri este sorriso desdentado e fofo, esticando o pescocinho para descobrir além-mãe, com estes olhinhos arregalados de quem tudo quer saber. 

Pois você tudo pode. Esta é a dádiva que tens pela frente, e ela é tão bela! Vai, e sê o que puder ser, suga deste mundo sua essência, ama a vida e vê nela toda a alegria e dor em ser o que somos. Que teus miados acariciem mais pra frente os ouvidos velhos de um velho pai.

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