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quarta-feira, 12 de junho de 2024

Minha prece

 Às vezes, cansamos. A alma se encasula num sofá quentinho, perde-se no barulho distante da rua e sente-se nos pés longínquo toque peludo da cachorrinha que se aninha perto deles. O corpo desfalece em flashes do dia, tudo aquilo que no dia valeu a humanidade que se tem, e nossa consciência adoça momentos de meio sono, ou é ela mesma adoçada por vozes e olhares e toques evanescentes que nos tocam num pátio de escola num dia de outono qualquer, crianças que riem dum lugar que adultos há muito esqueceram. Mais vezes do que esperamos, gostaríamos de adormecer no colo de nossos filhos, com suas mãos gorduchas e delicadas apalpando nossa face enquanto seus suspiros de sono pouco a pouco chegam na meia luz que nos envolve. 


Às vezes cansamos, e a dor dos outros se torna tão nossa. E nossos ombros encolhem-se num silêncio onde nada os alcança. Às vezes parece que o mundo é grande demais para reles humanos, como se não fôssemos heróis que dão conta de tudo, como todo herói deveria fazer. 


Nesse cansaço, nasce a poesia. Nesse cansaço, nasço poesia. Uma prece, então. Para que nunca se acabe o cansaço, e todos os toques de mundo nos acarinhe o coração. 


"Pra você guardei o amor que sempre quis mostrarO amor que vive em mim, vem visitarSorrir, vem colorir, solarVem esquentar e permitir"

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