O menino de roupa vermelha
corre pelo tempo.
Angustiada criança, corre pelo tempo e deixa o espaço num sopro.
Não há muros que possam lhe prender.
O menino de roupa vermelha
corre pelo tempo.
O menino de sorriso fácil e apaixonado,
o menino que era o vento,
o menino que brincava com o tempo.
Cortaram-lhe as asas
pois costumava voar demais.
Prenderam-lhe numa gaiola sem muros,
com um quadro a instigar-lhe o sofrimento.
Desde então o menino,
que amava o tempo e desafiava o vento,
sucumbe em voos rasos e amedontrados.
"Voe mais baixo, há de seguir a ordem",
"ou, quer saber, nem voe, você não é pássaro".
E assim o menino,
que amava o tempo,
perdeu-o.
Ele, domador de ventanias,
pequeno deus de alguma mitologia
a ser inventada,
passou a humano,
projeto falho.
Não houve ninho,
só medo.
O menino que perdeu o tempo.
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