03/02/2019
As crianças brincam
como crianças fariam,
sorrateiras e admiradas,
o mundo é grande e encanta
como soa encantar os pequenos,
e o frescor da noite na orla iluminada
alimenta todo tipo de corrida,
pega-pega, bailarinas e cowboys,
como sempre deveria ser.
A banda toca compassada
como se deve tocar uma banda,
os transeuntes param
e se amontoam e se encantam;
os mais felizes dançam,
mesmo os mais sisudos abrem seus corações
e num acorde o eu se transforma em nós,
e o mundo, tão grande, se apequena no outro, no olhar, no toque de mãos que se sentem mais do que se sabem.
Os casais seguem meu gesto,
se aninham no chão e se abraçam,
a eles o som não é indiferente,
ainda que seus corações vivam da própria harmonia.
Me fazem companhia confrontando a multidão no horizonte,
ainda que, desconfio, somente eu a observe de fato.
A noite me acolhe
com minha culpa e confusão,
mas não me dá respostas.
Quiçá me diz que já as tenho,
E que teimoso sou eu por não ouvir a consciência,
e que a ela, noite, está mais para os não dizeres que o contrário,
eu que procure o ranzinza do dia e sua mania de tudo clarear.
Deixo a leve brisa tocar meu corpo
e me acalmo.
As palavras que quero dizer não as posso,
o olhar que gostaria não o tenho,
a pequenina mão que gostaria com a minha não passa de ilusão.
Mas a noite, a música, o vento frio e essa humanidade toda...
Eles, no fim, me acalentam.
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