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segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Terra do nunca

 (Nov 2013)


Eles são, por mais que não gostem que falemos, crianças crescendo. Por mais que se escondam em frases feitas, posturas rebeldes, comportamento de grupo, códigos próprios e silêncios de reprovação, a consciência em turbilhão para formar uma ideia válida de "eu" no mundo não para. O primeiro beijo, a primeiro fora, o romantismo escondido, o descolamento forçado... adolescer é isso ae, formar por si só um mundo onde se possa navegar, quando a navegação é por águas profundas e desconhecidas. De vez em quando dá merda (ou muitas vezes?), mas de merdas vividas e superadas forjamos o que somos. 


A falta de noção desse caminho misturado com o ímpeto de segui-lo mesmo assim é o que os fazem crianças. Curiosas, intempestivas, contraditórias... e belas. 


No entanto, há aquilo que nós também não gostamos de ouvir: eles não são só crianças, são o novo que há muito deixamos de ser, são esta curiosidade que deixamos morrer com a rotina da tal vida adulta, são paixão sem compromisso, banho de chuva em dia quente, conversa sentado no meio fio, bebedeira de madrugada, perfume incandescente em noites de riso. 


Ah, essas crianças... quão próximo estão de tomar nosso lugar, e nem desconfiam. Se desconfiassem, a terra do nunca seria sempre o caminho dos (nem tão) pequenos fujões.

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